DeRose Method Não é Yôga
DeROSE METHOD CONTÉM O YÔGA, MAS NÃO É YÔGA
Já não atuamos mais na área profissional de Yôga. Atualmente trabalhamos com o DeROSE Method. Será que o Método é Yôga com outro nome? Não. DeROSE Method é outra coisa. Vou demonstrar o que acabo de dizer.
Por definição, “Yôga é qualquer metodologia estritamente prática que conduza ao samádhi”. Ora, o DeROSE Method transcendeu o “estritamente prático”. No momento em que os conceitos de reeducação comportamental ocupam mais de 80% do tempo do praticante durante o seu dia, restam menos de 20% para a prática regular convencional. Logo, o Método não é estritamente prático. Consequentemente, não é Yôga.
Não abandonamos o Yôga. Ele está preservado intacto no setor de técnicas. Mas o segmento profissional em que nos inserimos já não é mais restrito a essa filosofia, nem está mais sujeito aos estereótipos que lhe foram impostos pela opinião pública ocidental.
Ao nosso acervo acrescentamos um formidável patrimônio de conceitos comportamentais aplicáveis ao mundo real do praticante: à sua profissão, à sua faculdade, ao seu esporte, à sua família, ao seu relacionamento afetivo.
APÓS TRABALHAR 50 ANOS COM YÔGA, FUI MAIS ALÉM
Ao comemorar minhas bodas de ouro na carreira de professor dessa filosofia hindu, após 25 anos de viagens à Índia, tendo sido o primeiro a introduzir o Yôga nas universidades federais, estaduais e católicas do Brasil, bem como em universidades de outros países da América e da Europa, senti que minha experiência de vida como magister recomendava uma mudança de abordagem. Era preciso ampliar o campo de atuação do que ensinava.
Depois de tantas décadas transitando pelo ambiente do Yôga, convivendo com tanta, mas tanta, gente do métier, vi que, se algo não mudasse, ficaríamos patinando no mesmo lugar.
O YÔGA NÃO FUNCIONA
Depois de meio século ensinando essa matéria, cheguei à surpreendente conclusão de que o Yôga não funciona.
O Yôga, sem os conceitos de reeducação comportamental, não funciona. Ou seja, sem mudar sua atitude, sua alimentação, sem eliminar o uso do fumo, do álcool e das drogas, sem um bom relacionamento humano e sem um bom relacionamento afetivo, não funciona.
Serve para dar flexibilidade, tônus muscular, melhora o rendimento nos esportes, nos estudos e no trabalho, tem impacto na vitalidade e tudo o mais que nós já sabemos. No entanto, como já expliquei no capítulo Efeitos da etapa inicial do SwáSthya Yôga, do meu livro Tratado de Yôga, esses resultados são meras consequências, efeitos colaterais da prática, migalhas que caem da mesa de jantar e não a meta em si.
Yôga é qualquer metodologia estritamente prática que conduza ao samádhi. Ou seja, ele pode ser qualquer coisa, mas precisa ser estritamente prático, porque o darshana em questão não tem teoria. E tem que ter a proposta de conduzir à meta do Yôga, o samádhi.
Ora, esse estado de megalucidez denominado samádhi não pode ser conquistado por alguém que não consiga sequer ser equilibrado emocionalmente, alguém que se desentenda com o colega ou com o cônjuge, alguém que fale mal de um praticante ou instrutor por ele ser de outra linha da mesma filosofia. Não pode ser alcançado por alguém que na aula faz meditação e põe as mãos “em prece” com cara de santo arrependido e quando termina a aula briga com o empregado, porteiro, motorista, amigo, desamigo, conhecido, desconhecido, namorado, ex-namorado, cliente, fornecedor, etc.
Noutras palavras, cheguei à amarga conclusão de que sem aplicar os conceitos comportamentais de reeducação, o Yôga não funciona porque não leva à meta do Yôga, que é o samádhi.
Eu já havia concluído isso há muito tempo, tanto que tinha publicado nos meus livros, desde a década de 1990, insistentes apelos a que todos participassem das atividades culturais como meio para compartilhar, pela convivência, um código comportamental e de valores. Mas os praticantes e instrutores daquela época não queriam saber. Estavam sofrendo paralisia de paradigma, pois entraram nas nossas escolas pelo canal da palavra Yôga e achavam que essa coisa deveria consistir apenas em uns contorcionismos exóticos e uns relaxamentos. Achavam que não tinha nada que interferir com o comportamento.
Então, por uma sincronicidade que contarei mais adiante, surgiu, oficialmente, na França, o DeROSE Method. A partir de então, como era outro produto cultural, as pessoas não só aderiram às atividades sociais como também manifestaram sua alegria por elas existirem nas nossas escolas. Como assim, outro produto? Não mudamos apenas o nome e continuamos ensinando a mesma coisa? Não!
EU ENSINEI YÔGA DESDE ANTES DE VOCÊ NASCER TALVEZ, DESDE ANTES DE O SEU PAI NASCER.
Fui um dos introdutores do Yôga no Brasil (1960), um dos primeiros autores (1969), uma das primeiras escolas (1964) e o primeiro a introduzir o Yôga nas universidades federais e PUCs (1979). Sou o mais antigo, ainda vivo, dos professores e escritores de Yôga do Brasil. Ao longo de 25 anos de viagens de estudos à Índia – onde aprofundei o conhecimento do Yôga tradicional nos Himálayas – e mais de 50 anos de magistério no Brasil e noutros países. Creio que isso me torna merecedor da sua consideração. Com toda essa carga de experiência, meu método de Yôga foi evoluindo e se transformando noutra coisa. Por isso, quando meus colegas de outras correntes começaram a me alertar que aquilo já não era mais Yôga, era outra coisa, eu concordei.
Coincidentemente, uma das nossas escolas em Paris pediu para não usar mais o nome de Yôga. Pediu para usar o meu nome, que é francês. Assim, surgiu na França, la Méthode DeROSE. Dali, o Método foi para a Inglaterra, onde recebeu o nome DeROSE Method, o qual se tornou a marca internacional. Portanto, está com a razão quem afirma que o DeROSE Method não é Yôga. Não é mesmo.
Durante toda essa trajetória de mais de meio século e vinte livros escritos, nós não falávamos de DeROSE Method. Começamos a mencioná-lo em torno de 2006. Quem se referia ao "Método DeROSE", eram os professores e praticantes de outras modalidades. De fato, foram eles que nos incentivaram a utilizar a marca que surgiu em Paris. A partir de 2008 fomos importando aos poucos esse nome para o Brasil.
QUANDO SURGIU O DeROSE METHOD
Ocorreu uma lenta transição – de quase 50 anos – do trabalho com Yôga para o trabalho com o Método. Podemos declarar que o DeROSE Method foi importado da França porque foi nesse país que primeiro começou a ser utilizado como marca. Dali, foi para a Inglaterra, depois para Portugal e, só então, para o Brasil, onde chegou como marca em 2008.
No entanto, também podemos declarar que o Método surgiu em 1960, porque desde que ministrei naquele ano as minhas primeiras aulas, os ensinantes de outras linhas referiram-se ao meu trabalho como “o método do DeRose” uma vez que, já de início, era muito diferente da versão moderna e utilitária que conheciam como Yôga. Devido ao cacófato “dodode”, logo passaram a se referir ao “Método DeROSE”. Todos, menos eu, se referiam ao nosso trabalho por aquele nome. Gradualmente, fui acatando essa nomenclatura.
Porém, não queria aplicá-la às aulas de Yôga. Então, fui enfatizando progressivamente os conceitos de reeducação comportamental. Não subtraímos nada. Agregamos muita coisa.
O QUE É O DeROSE METHOD
O DeROSE Method é uma proposta de boas coisas: boa qualidade de vida, boas maneiras, boas relações humanas, boa cultura, boa alimentação, boa forma, bom ambiente e bons ideais.
O DeROSE Method é recomendável ao público masculino, mas também pode ser praticado por ambos os sexos.
No início, o aluno vai passar um tempo se familiarizando com as técnicas. Depois, assimila a filosofia comportamental. No primeiro momento, aplicamos a reeducação respiratória, as técnicas orgânicas, exercícios de concentração e de gerenciamento do stress. Depois, à medida que o praticante vai se entrosando, avança para o Método propriamente dito e começa a conhecer o que o diferencia do Yôga: os conceitos comportamentais que vão mudar a sua vida.
O DeROSE METHOD NÃO SERVE COMO TERAPIA
O Método não é recomendado aos portadores de problemas psicológicos, psiquiátricos ou neurológicos. Também não é indicado para crianças, nem para idosos, nem para a terceira idade. E o Método não se destina a quem esteja procurando terapias para emagrecimento, massagem, anti-stress, musculação ou religiosidade.
Se deseja instruir-se na prática de Yôga ou se o seu objetivo é terapia, aconselhamos a procurar profissionais especializados na modalidade Yôga ou nas demais áreas de interesse.